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ESPÉCIES

A-B   C-E   F-I   J-N   O-P   R-Z

Anacardiaceae

ANACARDIACEAE

Anacardium occidentale L.

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CAJU

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Ocorrência: Amplamente distribuída e cultivada do Norte ao Sul do Brasil. Introduzida em diversos países da América, Ásia, Oceania e África. Na Restinga de Massambaba é comum nas bordas da formação florestal não inundável e em áreas perturbadas, especialmente nas proximidades do município de Saquarema.


Descrição: Árvore ou arbusto, até 8 m de altura. Caule e ramos tortuosos, com resina amarelada na entrecasca que, ao secar, cristaliza-se. Folhas alternas, simples, glabras, oblongas, elípticas a obovadas, de margem inteira, coriáceas; folhas jovens rosadas a avermelhadas. Inflorescência em racemo; flores pentâmeras, róseo-avermelhadas. Fruto núcula reniforme, duro e oleaginoso, marrom-esverdeado (é a castanha-de-caju, o fruto verdadeiro), pedúnculo carnoso e suculento, amarelo-vermelhado (conhecido como caju, um pseudofruto), uma semente por fruto. Semente reniforme, grande, preenche toda a cavidade do fruto. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones de reserva(1).


Informações ecológicas: Frutificação no verão e outono(2). Polinização por melitofilia(3). Dispersão por zoocoria. Sementes sem dormência. Variedades agrícolas têm germinação alta (100%), iniciam a germinação 7 dias após a hidratação e tem tempo médio de germinação de 15 dias(4).


Uso local: Pseudofrutos comestíveis in natura, ou em doces e infusões na cachaça, são apreciados pelos pescadores artesanais. A casca cozida em água é usada como antisséptico e cicatrizante (banhos para lavar feridas) e o seu chá (uso interno) para tratamentos de diarreias. Os troncos eram usados em construções de casas ou cercas. 


Observações: Evidências científicas mostram que a decocção da casca do caju apresenta propriedades antidisentéricas(5), antimicrobiana, antibacteriana(6), anti-inflamatória(7), no tratamento de úlcera estomacal(8), leishmaniose(9) e diabetes(10); das folhas (extrato), estudos têm demonstrado efeito antioxidante e anti-inflamatório(11). Por sua importância econômica, esta espécie é bastante estudada sob o ponto de vista da produção agrícola; no entanto, são muito escassos os estudos sobre a ecologia desta espécie em áreas naturais de restinga. 

ANACARDIACEAE

Schinus terebinthifolia Raddi

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AROEIRA

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Ocorrência: Amplamente distribuída e cultivada na região tropical e subtropical da América do Sul (Brasil, Argentina e Paraguai). Na Restinga de Massambaba é comum nas bordas dos remanescentes da formação florestal não inundável, assim como nas formações arbustiva aberta e arbustiva fechada, em áreas perturbadas e salinas abandonadas.


Descrição: Árvore ou arbusto, de 5 a 10 m de altura. Caule pouco tortuoso e casca fissurada. Folhas compostas, imparipinadas, com 3 a 10 pares de folíolos opostos. Inflorescência em panículas terminais ou axilares; flores pequenas e brancas. Fruto drupa, globoso e vermelho, apenas uma semente por fruto. Semente pequena e aromática, testa bastante rugosa e cor marrom clara. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes e primeiras folhas sempre com margem serrada. 


Informações ecológicas: Frutificação no outono. Polinização por esfecofilia12. Frutos são alimento para a avifauna local e as sementes são dispersas por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação em 4 dias após a hidratação. Germinação alta (83%) e tempo médio de germinação de 6 dias.


Uso local: A casca cozida em água é usada para tratar infecções de pele, vaginais e frieiras. No passado, a casca servia para tingir redes de pesca, porém este processo, realizado ao sol, pode causar queimaduras de pele. A madeira foi usada em construções de casas, moirões e cercas.


Observações: O fruto, apimentado e comestível, é usado para temperar peixes e carnes. É comercializado, como pimenta-rosa, em supermercados. Na medicinal tradicional é amplamente utilizada, havendo comprovações farmacológicas para a casca (propriedades anti-inflamatória, antisséptica, cicatrizante13), folhas (antibacteriana, antioxidante(14-15), usadas no tratamento de distúrbios gástricos(16), respiratórios(17) e corrimento genital – vaginose bacteriana(18) e exsudato (febrífuga, hemostática, antitussígena e antibacteriana). A resina do tronco, em contato com a pele, causa dermatite (19). Estudos recentes comprovam potencial contra Staphylococcus aureus (superbactéria responsável por uma ampla variedade de enfermidades infecciosas, resistente a meticilina – MRSA)(20).  

ANACARDIACEAE

Tapirira guianensis Aubl.

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FRUTA-DE-POMBO

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Ocorrência: Ampla distribuição no Brasil, especialmente em solos úmidos e antropizados. Na Restinga de Massambaba é frequente na formação arbustiva aberta (formando moitas) e na formação florestal não inundável. 


Descrição: Árvore perenifólia ou semidecídua, copa arredondada, até 10 m de altura. Caule com ramos fissurado-lenticelados, pilosos. Folhas compostas, imparipinadas, de 9 a 11 folíolos cartáceos, aromáticos, glabros e brilhantes. Inflorescência em panículas terminais e axilares; flores unissexuadas, pequenas e amareladas. Fruto drupa, elipsoide, liso, roxo ou violáceo, com polpa sucosa muito doce e de cor clara, apenas uma semente por fruto. Semente elipsoide, mediana, testa bege-esverdeada, relativamente rugosa e com fibras. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones de reserva. 


Informações ecológicas: Frutificação no outono. Polinização por melitofilia e miofilia(21). Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 4 dias após a hidratação. Germinação alta (80%) e tempo médio de germinação de 5 dias.


Uso local:  A madeira foi utilizada para confecção de brinquedos, compensados, embalagens e caixotaria, móveis e cabos de vassoura. Os frutos são comestíveis e consumidos in natura.


Observações: Espécie recomendada para recuperação de áreas degradadas. Na literatura T. guianensis é popularmente conhecida como pau-pombo ou tapiririca, usada na medicina tradicional no tratamento de lepra, diarreia e sífilis(22). Estudos fitoquímicos relataram atividades biológicas para o uso da casca em atividades antiprotozoários e antibacterianas(23). 

ANNONACEAE

Annona glabra L.

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ARATICUM, ARTICUM, ARTICUM-DO-BREJO

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Annonaceae
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Ocorrência: Encontrada em quase todo o litoral brasileiro (do Amapá a Santa Catarina), na Floresta Amazônica (Florestas de Igapó e Várzea) e Floresta Atlântica (em terrenos brejosos e lagoas), assim como em outros países da América Latina e África. Na Restinga de Massambaba ocorre em ambientes inundáveis próximos às lagoas, como na formação herbácea em baixios inundáveis e na formação florestal inundável. 


Descrição: Arbusto ou árvore perenifólia, até 8 m de altura. Caule com ramos glabros, casca fina, marrom-avermelhada. Folhas simples, alternas, coriáceas, glabras, lustrosas, nervação marcada na face adaxial, margem inteira. Inflorescência axilar; flores solitárias, bissexuadas, com 3 sépalas pequenas e 6 pétalas carnosas de cor amarela. Fruto múltiplo formando um sincarpo, liso e de cor verde-amarelada, com polpa carnosa amarelo-alaranjada, muitas sementes por fruto. Semente ovoide achatada.


Informações ecológicas: Frutificação no verão e outono(24). Polinização por cantarofilia(25). Dispersão por zoocoria(26). Sementes com dormência morfofisiológica(27), iniciam a germinação aproximadamente 50 dias após a hidratação. Germinação alta (90%)(26), tempo médio de germinação de 100 dias(28), podendo se estender por até 400 dias(26). 


Uso local: A madeira leve era utilizada na confecção de rolhas e remos. A raiz foi usada pelos pescadores, no passado, como flutuadores (boias) para as redes de pesca, assim como a entrecasca fibrosa do tronco, na confecção de tecidos grosseiros e cordas. Os frutos são comestíveis e consumidos in natura ou em sucos. 


Observações: A casca, quando cortada, produz um perfume volátil. As raízes são usadas por pescadores também em Pernambuco (Brasil) e na Flórida (EUA) como flutuadores para redes(29). Ensaios com extratos a partir da casca mostraram propriedades antimicrobiana, inseticida, fungicida, esporicida(30) e anti-inflamatória(31).

APOCYNACEAE

Aspidosperma parvifolium A.DC.

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IPEQUEÁ, PEQUIÁ

Ocorrência: Amplamente distribuída no Brasil, porém com maior frequência nas regiões mais altas do Sudeste (Serras do Mar, da Mantiqueira e dos Órgãos). Há ocorrência em outros países da América do Sul. Na Restinga de Massambaba é encontrada nos remanescentes de formação florestal não inundável. 


Descrição: Árvore até 10 m de altura, decídua, com látex branco. Caule com lenticelas, ferrugíneo quando jovens. Folhas simples, alternas, glabras na face adaxial, pilosas na face abaxial, prateadas. Inflorescência em cimeira ou subapical, ferrugínea; flores pequenas, actinomorfas, pilosas; cálice com 5 sépalas, esverdeado; corola branca. Fruto folículo, marrom, levemente enrugado. Semente paleácea com alas concêntricas. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes(32).

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Informações ecológicas: Frutificação no inverno e início da primavera(24). Dispersão de sementes por anemocoria. Sementes sem dormência(27). Germinação alta (76%), alcançada 16 dias após o início da hidratação, em temperatura de 25ºC(33).


Uso local:  Conhecida em algumas áreas como guatambu e peroba-rosa. No passado, quando as florestas de restinga ainda eram abundantes na região, a madeira foi amplamente utilizada na construção civil (vigas, caibros, ripas, assoalho, confecção de peças torneadas), em cabos de ferramentas, dormentes, mourões ou cruzetas. 


Observações: Na literatura há registros da atividade da casca para ação antimalárica(34).  

APOCYNACEAE

Mandevilla moricandiana (A.DC.) Woodson

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APOCYNACEAE
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Ocorrência: Espécie endêmica do Brasil que ocorre especialmente no Nordeste e Sudeste (Rio de Janeiro). Na Restinga de Massambaba é comum na formação arbustiva aberta (em moitas, emergindo destas). 


Descrição: Trepadeira com látex branco. Caule com ramos castanhos, lenticelados. Folhas simples, alternas, ovado-obovadas. Inflorescência axilar; flores com cálice com sépalas lanceoladas, corola rósea, branco-rósea, ou branca, infundibuliforme, glabra. Fruto cápsula, alongado, marrom quando maduro, poucas sementes por fruto. Semente elipsoide, fina, alongada e leve, testa marrom, com apêndices plumosos longos e brancos. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes.


Informações ecológicas: Floração no outono e frutificação no inverno. Polinização por esfingofilia35. Dispersão de sementes por anemocoria. 


Uso local: Espécie apreciada por suas flores vistosas nas áreas de moitas da restinga. A comunidade local a utiliza como ornamental em quintais. 


Observações: O gênero Mandevilla vem sendo estudado por seu potencial para o tratamento de doenças cardiovasculares, principalmente como antioxidante, anti-inflamatório e vaso relaxante. Estudos fitoquímicos e farmacológicos vêm sendo realizados em M. moricandiana para investigar o efeito vasodilatador do extrato hidroalcoólico das suas folhas(36). 

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APOCYNACEAE

Oxypetalum banksii R.Br. ex. Schult

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Ocorrência: Espécie endêmica do Brasil que ocorre na Floresta Atlântica (floresta ombrófila, restinga e vegetação sobre afloramentos rochosos) do Nordeste (Bahia, Sergipe), Sudeste e Sul. Na Restinga de Massambaba é frequente na formação arbustiva aberta (em moitas, emergindo destas). 


Descrição: Trepadeira com látex branco. Caule volúvel, cilíndrico, ramificado, piloso. Folhas simples, opostas, ovadas, ovado-oblongas. Inflorescência em cimeiras, de 2 a 12 flores; flores com cálice esverdeado, com lacínios; corola tubular, esverdeada, corona com segmentos vinosos. Fruto cápsula, bege a marrom, várias sementes por fruto. Semente triangular, leve, hilo bastante evidente, testa rugosa, marrom escura a preta, com plumas brancas. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes.


Informações ecológicas: Frutificação no outono. Polinização por esfecofilia(12). Dispersão de sementes por anemocoria. Sementes com dormência, iniciam a germinação 63 dias após a hidratação. Germinação alta (96%) apenas em temperatura alternada e tempo médio de germinação de 93 dias. Não germina em temperatura constante.


Observações: Há registros no Espírito Santo que essa espécie é altamente tóxica, causando morte súbita em bovinos, além de diversas intoxicações(37). 

ARACEAE

Anthurium maricense Nadruz & Mayo

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ANTÚRIO

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Araceae

Canteiro 35A

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Ocorrência: Espécie endêmica do Brasil e frequentemente encontrada na Floresta Atlântica (restingas), do Nordeste (Sergipe) e Sudeste (Espírito Santo e Rio de Janeiro). Na Restinga de Massambaba é encontrada na formação arbustiva aberta (sob as moitas) e em áreas de transição para a formação florestal não inundável das restingas.

Descrição: Erva terrestre. Caule rizomatoso. Folhas simples, com pecíolo esverdeado, achatado a levemente oblongas a lanceoladas, cartáceas. Inflorescência em espata terminal, em espádice cilíndrica, espata branco-amarelada; flores esverdeado-vináceas (jovens) ou esverdeado-amarronzadas. Fruto baga, oblongo, disposto em infrutescência, ápice avermelhado tornando-se translúcido para a base, apenas uma semente por fruto. Semente oblonga, pequena e amarelada. Plântula criptocotiledonar, hipógea, cotilédone de reserva. 

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Informações ecológicas: Frutificação no inverno. Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 4 dias após a hidratação. Germinação alta (75%) e tempo médio de germinação de 8 dias. As sementes formam banco de sementes.

Uso local: Espécie cultivada como ornamental em quintais de algumas residências. 

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ARACEAE

Philodendron corcovadense Kunth

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CIMPÓ IMBÊ, IMBÊ

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Canteiro 35A

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Ocorrência: Espécie endêmica do Brasil, encontrada na Floresta Atlântica (floresta ombrófila, restinga, vegetação sobre afloramentos rochosos) do Nordeste (Pernambuco, Bahia), Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná e Santa Catarina). Na Restinga de Massambaba ocorre na formação arbustiva aberta (sob as moitas, eventualmente emergindo destas) e remanescentes da formação florestal não inundável. 


Descrição: Erva terrestre ou hemiepífita. Caule arborescente e aéreo, frequentemente ramificado, com cicatrizes foliares conspícuas, raízes adventícias. Folhas glabras, sagitadas, cartáceas, sendo mais escura na face adaxial. Inflorescência terminal em espádice, espata esverdeada externamente e esbranquiçada internamente; flores unissexuadas e divididas em gineceu na base, androceu estéril na região mediana e fértil no ápice. Fruto baga, disposto em infrutescência laranja, 3 a 6 sementes por fruto. Semente cilíndrica, pequena, testa lisa, bege ou levemente alaranjada. Plântula subcriptocotiledonar, epígea, cotilédone foliáceo fotossintetizante. A testa permanece presa à face abaxial do cotilédone foliáceo.


Informações ecológicas: Frutificação no verão. Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 7 dias após a hidratação. Germinação alta (98%) e tempo médio de germinação de 8 dias.

Uso local: Espécie importante para a cultura e tradição dos pescadores artesanais pois suas raízes adventícias, depois de extraídas e secas, são usadas para confecção de cestos, balaios e cordas. Atualmente, não se usa mais este recurso como no passado.


Observações: Cipó-imbé ou cipó-preto são nomes populares de P. corcovadense  de fundamental importância econômica para numerosos núcleos de extratores, denominados cipozeiros, que desenvolvem a cadeia extrativista desta espécie nos municípios litorâneos de Santa Catarina(38). 

ARECACEAE

Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze

GURIRI, COUQUINHO-GURIRI, COUQUINHO-DA-RESTINGA, COUQUINHO-DA-PRAIA

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ARECACEAE
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Canteiro 35A e 35B

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Ocorrência: Endêmica da costa do Brasil. Ocorre no Nordeste (Bahia, Sergipe), Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná). É comum nas restingas fluminenses. Na Restinga de Massambaba há densas populações nas formações arbustiva aberta e arbustiva fechada, além de em dunas próximas ao mar. 

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Descrição: Palmeira acaule, até 2 m de altura. Estipe subterrâneo ou semi-subterrâneo. Folhas pinadas com bainha não tubular, fibrosas, pinas lanceoladas persistentes, cobertas por pelos com aspecto de lã na porção basal. Inflorescência espiciforme, com uma única bráctea peduncular, lenhosa, persistente até os frutos ficarem maduros, bege na parte externa, marrom na parte interna; flores estaminadas com pedicelos, sépalas e pétalas coriáceas, glabras, branco-amareladas. Fruto drupa, ovoide, laranja-amarelado, disposto em infrutescência, com mesocarpo fibroso e endocarpo rígido, apenas uma semente por fruto. Semente ovoide, grande, com testa marrom e fibrosa. Plântula criptocotiledonar, hipógea, cotilédones de reserva.


Informações ecológicas: Floração no inverno e primavera, frutificação no verão. Polinização por melitofilia(39). Dispersão de sementes por zoocoria. Roedores e besouros podem agir como dispersores ou predadores de sementes(40 41 42). Germinação baixa (40%). A remoção do mesocarpo, enterramento da semente e temperatura elevada (35ºC) beneficiam a germinação(42). Não está claro se as sementes apresentam mecanismos de dormência, porém dormência morfofisiológica foi reportada para outra espécie do mesmo gênero(27).

Uso local: Os frutos maduros adocicados são apreciados na comunidade local, sendo consumidos in natura. Até hoje, são coletados e levados para casa, sendo consumidos crus, amassados com farinha de mandioca (no pilão para a hora do café) e em infusões de cachaça. 


Observações: A. arenaria é uma das poucas espécies de restinga capazes de germinar e se estabelecer em áreas abertas. Sob as folhas das palmeiras adultas, a temperatura é mais baixa e há mais nutrientes, favorecendo o estabelecimento de outras espécies. Por esta característica, A. arenaria é considerada uma espécie facilitadora(43 44). As ramificações do sistema caulinar garantem a capacidade de estabilizar dunas e areia.     

ARECACEAE

Bactris setosa Mart.

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TUCUM, COCO-TUCUM, TICUM

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Ocorrência: Endêmica do Brasil, é encontrada na Floresta Atlântica (da Bahia ao Rio Grande do Sul), no Cerrado e na Floresta Amazônica. Na Restinga de Massambaba ocorre na formação florestal não inundável e próximo às áreas alagadas. 


Descrição: Palmeira arbustiva, cespitosa. Estipe delgado até 6 m de altura, formando moitas, densamente cobertos por espinhos negro-acinzentados. Folhas pinadas, não tubulares e inteiras. Inflorescência interfoliolar, coriácea, rostrada, em espiga; flores bissexuadas, amareladas estaminadas com sépalas e pétalas membrano-carnosas, com uma única bráctea coberta por espinhos. Fruto drupa, globoso, negro-arroxeado e lustroso, apenas uma semente por fruto. Semente ovoide, grande, com testa fibrosa. Plântula criptocotiledonar, hipógea, cotilédone de reserva(45).


Informações ecológicas: Frutificação no verão(46). Polinização por melitofilia e cantarofilia(47). Dispersão de sementes por zoocoria. Não está claro se as sementes apresentam mecanismos de dormência, porém dormência morfofisiológica foi reportada para outras espécies do mesmo gênero(27). Germinação baixa(24).

Uso local: Da bainha foliar eram extraídas fibras para confecção de linhas de pesca e tarrafas para pescaria. Os pescadores afirmam que a técnica para fiar uma rede era extremamente demorada, mas as redes produzidas no passado eram muito mais resistentes e duráveis do que as atuais, chegando a durar mais de 60 anos. Os frutos maduros são consumidos in natura ou colocados para aromatizar cachaças.
 

Observações: Historicamente, o tucum foi amplamente utilizado. Foi descrito em literatura que o estipe era utilizado para confecção de varetas, guardas de peneiras, bengalas e flechas; da bainha das folhas se extraíam fibras muito resistentes, com grande flexibilidade e durabilidade; dos fios das fibras eram tecidas redes e linhas de pesca resistentes à água do mar(48). Estudos recentes indicam que os extratos dos frutos de B. setosa, especialmente o extrato da casca, são fonte de compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias promissoras(49). 

ASTERACEAE

Achyrocline satureioides (Lam.) DC.

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MARCELA, MACELA

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ASTERACEAE
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Fotos: Gustavo Heiden

Ocorrência: Encontrada em todas as regiões do Brasil, dos campos de altitude (campo limpo e rupestre) à restinga e sobre afloramentos rochosos, além de áreas antrópicas e em diversos países da América do Sul. Na Restinga de Massambaba ocorre na formação arbustiva aberta, em áreas alteradas e próximas ao mar. 


Descrição: Erva perene, de 10 a 50 cm de altura, ereta, ramificada. Caule com ramos pilosos. Folhas simples, alternas, sésseis, pilosas na face abaxial. Inflorescência axilar e terminal, em capítulos numerosos; flores de 5-10, amareladas. Fruto aquênio, marrom, com papus branco, apenas uma semente por fruto. Semente não se individualiza do fruto. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes(50).


Informações ecológicas: Floração na primavera(51). Dispersão de frutos por anemocoria. Sementes sem dormência. Germinação mediana (59%) nas temperaturas de 20 e 25ºC e tempo médio de germinação de 7 dias(52). As sementes formam banco de sementes(53).

Uso local: As folhas, flores e ramos secos são usados no tratamento de problemas gástricos (diarreia e disenteria), cólicas (intestinais e menstruais) e dores em geral, na forma de infusão, sendo anti-inflamatória e analgésica. O uso externo é feito na forma de cataplasmas e banhos de imersão, empregados contra reumatismo e dores musculares.
 

Observações: Há comprovação, em literatura, para atividade dos extratos da inflorescência como antioxidante e antimicrobiana de amplo espectro (bactérias patogênicas intestinais), sendo importante como agente coadjuvante no tratamento de doenças intestinais induzidas por bactérias com altas taxas de resistência a antibióticos(54 55). Considerada por agricultores e alguns autores como “daninha”, pois cresce espontaneamente em pastagens e beira de estradas(56).

BIGNONIACEAE

Jacaranda jasminoides (Thunb.) Sandwith

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CAROBINHA

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BIGNONIACEAE
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Ocorrência: Endêmica do Brasil, distribui-se no Nordeste e Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro); na Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica. Na Restinga de Massambaba encontra-se na formação arbustiva aberta (em áreas de moitas adensadas) e na formação florestal não inundável. 


Descrição: Árvore de pequeno porte, até 6 m de altura, ramificada próximo à base do caule. Caule cilíndrico, pouco ramificado, piloso. Folhas compostas, bipinadas, pilosas. Inflorescência tirsoides com flores roxas, tubulares, pilosas. Fruto capsular, marrom quando maduro, aproximadamente 10 sementes por fruto. Semente alada, mediana, muito leve, ala marrom clara e lisa, se estendendo ao redor de todo o núcleo seminífero, marrom escuro e rugoso. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes.


Informações ecológicas: Floração na primavera e frutificação no inverno. Dispersão das sementes por anemocoria. Sementes sem dormência, iniciando a germinação 11 dias após a hidratação. Germinação mediana (53%) e tempo médio de germinação de 17 dias. 

Uso local: A comunidade local utiliza esta espécie na medicina tradicional para tratar enfermidades da pele, como eczemas e furúnculos, e doenças parasitárias. 
 

Observações: O gênero Jacaranda apresenta potencial farmacêutico subestimado, pois são numerosas as espécies indicadas como úteis em estudos etnobotânicos, porém poucas estudadas na fitoquímica. Entretanto, alguns estudos farmacológicos recentes vêm demonstrando o seu potencial no tratamento de doenças causadas por protozoários como, por exemplo, na atividade moderada contra a leishmaniose; é apontada ainda com potencial para tratar doenças cutâneas, porém há relatos de sua toxicidade(57).  

BORAGINACEAE

Varronia curassavica Jacq. 

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CAIMBÊ, CAIMBÊ-PRETO

BORAGINACEAE
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Ocorrência: Amplamente distribuída no Brasil e alguns países da América do Sul, Central e Caribe, especialmente em áreas litorâneas. Na Restinga de Massambaba é encontrada em áreas perturbadas na borda da formação florestal não inundável. 


Descrição: Arbusto de 2 a 3 m de altura, ramificado, ereto e aromático. Caule com casca fibrosa, ramos pilosos. Folhas simples, alternas, semi-coriáceas e aromáticas. Inflorescência espiciforme; flores brancas, campanuladas, cálice agudo, corola tubular. Fruto drupa, vermelho a negro quando maduro. Plântula fanerocotiledonar, epígea, cotilédones foliáceos fotossintetizantes(58).


Informações ecológicas: Frutificação no verão e outono(2). Polinização por melitofilia, miofilia e psicofilia(59). Dispersão de sementes por zoocoria(59). Germinação mediana (60%) e tempo médio de germinação de 15 dias(60). 

Uso local: As folhas são de uso medicinal, usadas em infusão com álcool de cereais; este preparado é acondicionado por alguns dias em um recipiente escuro. O uso é externo para tratamento de intensas dores musculares e da coluna, aplicado sob fricções e massagens. Os pescadores costumam ter fortes e intensas dores musculares pela atividade que desempenham e com frequência ainda utilizam este preparado. Os frutos são consumidos pelas aves locais e também utilizados em brincadeiras de crianças.
 

Observações: Na literatura é conhecida ainda como “erva-baleeira”, “baleira”, cujas folhas são usadas na medicina tradicional como anti-inflamatório, analgésico e antiúlcera gástrica(61). Há comprovação científica no tratamento de reumatismo, artrite reumatoide, dores musculares e de coluna, nevralgias e contusões(62 63); tem ainda atividade com potencial antibiótico64 e antimicrobiano(65). É a matéria prima do fitoterápico nacional, desenvolvido pelo Laboratório Aché – ACHEFLAN. 

BROMELIACEAE

Bromelia antiacantha Bertol

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GRAVATÁ-GANCHO, GRAVATÁ

Bromeliaceae
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Canteiro 35A

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Ocorrência: Encontrada também no Uruguai, no Brasil distribui-se na Floresta Atlântica (restinga) e Pampa, ocorrendo no Nordeste (Bahia), Sudeste e Sul. Na Restinga de Massambaba é comum nas formações arbustiva fechada, arbustiva aberta (em moitas) e florestal não inundável. 


Descrição: Erva terrestre, de grande porte, formando densas touceiras. Folhas verdes, as centrais, com base avermelhada e ápice esverdeado, margem serrada, lâmina foliar linear-triangular, ápice pungente, margem com espinhos castanho-escuros, retrorsos na base e antrorsos para o ápice, em roseta, formando tanque. Escapo com brácteas foliáceas, as inferiores verde-esbranquiçadas na base, vermelhas na região mediana, verdes para o ápice, as superiores esbranquiçadas na base e vermelhas para o ápice; margem espinescente. Inflorescência em ramos com 3-10 flores, robusta; flores com sépalas esverdeadas a brancas, livres, triangulares ou elípticas, ápice agudo, pétalas vináceas a roxas. Fruto baga, arredondado a triangular no comprimento, amarelo quando maduro, mesocarpo branco e farináceo, muitas sementes por fruto. Semente achatada horizontalmente, pequena, testa lisa, marrom. Plântula criptocotiledonar, epígea, cotilédone de reserva(66).


Informações ecológicas: Floração no fim da primavera e verão e frutificação no outono. Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência, iniciam a germinação 16 dias após a hidratação. Germinação alta (acima de 80%) em temperaturas constantes de 25 até 35ºC(67).

Uso local: A comunidade cultiva esta planta como cerca viva, para proteção de suas casas, pois as folhas possuem espinhos fortes, em forma de gancho, por toda sua extensão e pungentes no ápice das folhas. Seus frutos são consumidos em preparações de doces e compotas, porém seu uso é pouco difundido. 
 

Observações: Na literatura é conhecida também com os nomes populares de caraguatá, croatá, carauatá. Possui potencial alimentar, ornamental, industrial e farmacêutico(68). Dos frutos fervidos são preparados xaropes para tratamento de enfermidades respiratórias, com ação antitussígena (preparados no Sul do Brasil pelos índios Bororós) e, ainda, ação purgativa, diurética, anti-helmíntica, tratamento de cálculos renais e como abortivo(69). 

BROMELIACEAE

Neoregelia cruenta (Graham) L.B.Sm.

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GRAVATÁ

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Canteiro 35A

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Ocorrência: Espécie endêmica do Brasil, ocorrendo exclusivamente na Floresta Atlântica (manguezal, restinga, vegetação sobre afloramentos rochosos). Distribui-se no Nordeste (Bahia) e no Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo). Na Restinga de Massambaba é comum nas formações arbustiva fechada e arbustiva aberta, na borda ou interior das moitas. 


Descrição: Erva terrestre. Folhas dispostas em roseta, formando tanque, liguladas, coriáceas, longas, verdes com mancha roxo-avermelhada no ápice, margens serradas com espinhos, bainhas foliares arroxeadas, margem inteira. Inflorescência simples, capituliforme; flores azuis com a parte central branca, dispostas no centro da roseta com uma porção coberta por água. Fruto baga, avermelhado, muitas sementes por fruto. Plântula criptocotiledonar, epígea, cotilédone de reserva(66).


Informações ecológicas: Frutificação no inverno(2). Dispersão de sementes por zoocoria. Sementes sem dormência. Germinação alta (98%) em temperatura constante, concluída até 30 dias após o início da hidratação(70). Crescimento clonal é uma característica marcante da espécie(71). As folhas em roseta formam reservatórios onde há acúmulo de água doce, favorecendo a germinação de sementes de várias espécies(43-72) .

Uso local: Os pequenos frutos são apreciados pelos pescadores que os consomem maduros e crus no campo, enquanto caminham para pescar e chamam o fruto de chupi-chupi. A partir da bainha foliar confeccionam uma pequena “bolsinha” para coletar frutos na restinga, principalmente o cambuí. É importante para os pescadores locais, pois a água doce dos reservatórios permite a sobrevivência de pequenos animais que servem como isca para pesca ou, em caso de necessidade, para consumo em longas caminhadas.

BROMELIACEAE

Vriesea neoglutinosa Mez

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GRAVATÁ-BROMÉLIA, GRAVATÁ

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Canteiro 35A

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Ocorrência: Espécie endêmica do Brasil, exclusiva da Floresta Atlântica. Ocorre nas restingas e vegetação sobre afloramentos rochosos do Nordeste (Bahia), Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina) do Brasil. Na Restinga de Massambaba é comumente encontrada na formação arbustiva aberta (em bordas de moitas) e na formação florestal não inundável.


Descrição:  Erva, epífita ou terrestre, propaga-se por brotos axilares ou por estolões. Folhas dispostas em roseta infundibuliforme, formando tanque, com bainha desenvolvida, lâmina totalmente verde ou ornamentada com faixas, estrias ou máculas verde-escuras, vinosas ou purpúreas, triangular, ligulada ou oblonga, ápice atenuado, margem inteira. Inflorescência em racemo duplo, ereta a subereta; flores com pedicelo curto; corola amarela, branco-amarelada. Fruto cápsula septicida, grande número de sementes por fruto. Semente plumosa pequena e leve, com coma basal desenvolvido, núcleo seminífero marrom-avermelhado e plumas brancas ou beges. Plântula criptocotiledonar, epígea, cotilédone de reserva(66).


Informações ecológicas: Floração na primavera e frutificação no verão. Dispersão de sementes por anemocoria. Em uma ocasião, foram observados pássaros retirando as sementes diretamente do fruto, porém não há informação se seu uso foi alimentar ou para a confecção de ninhos. Sementes sem dormência. Germinação alta (82%) em temperatura constante, concluída até 30 dias após o início da hidratação(70). Crescimento clonal é uma característica marcante da espécie(73). 

Uso local: A comunidade cultiva esta planta como cerca viva e, em seus quintais e jardins, como espécie ornamental. 
 

Observações: A literatura relata sua importância ecológica, pois constitui um dos exemplos de simbiose entre organismos (rãs-bromélias). Há rãs que passam todo o ciclo de vida dentro destas plantas e, muitas vezes, dependem delas para se reproduzirem. As bromélias se beneficiam do aumento da disponibilidade de nutrientes, em decorrência dessa interação(74). 

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